O Deus pessoal e particular de cada um…

Ninguém é obrigado a crer no que escrevo neste blog, nem é este o meu desejo, meu propósito é simplesmente incentivar a reflexão, e que cada um através da sua experiência e da lógica, possa comprovar ou desaprovar a veracidade dos textos.

O leitor deve entender, que todos somos obrigados a respeitar a crença do outro, mas respeitar não significa  concordar, atestar. Sei que é muito mais confortável quando outros afirmam nossas crenças, nos sentimos seguros, amparados, muitas vezes alguém que nos faz pensar sobre nossas convicções pode nos causar grande desconforto. E percebo que muitos “escolhem” sua crença através deste critério, acreditando “naquilo” que lhes é mais confortável.

Apesar de entender e aceitar essas questões, é meu dever como místico e escritor, compartilhar aquilo que através do estudo, da lógica e da experiência direta pude constatar,  tornando acessível para outros aquela pequena parcela “do Mistério” em que pude “adentrar”.

O assunto foco desse texto é bem delicado, pois muitos se alteram diante de qualquer “visão diferenciada” sobre esta questão, talvez pelo fato de suas convicções serem a base de sustentação de sua vida, e se sentem “sem chão”, quando alguém sugere que possam estar enganados. Neste texto irei explanar sobre Deus.

A primeira afirmação que tenho de fazer sobre este assunto é certamente bem polêmica para muitos, mas meu dever como escritor me impele a registrar neste blog, que Deus, da maneira como a maioria das pessoas acredita, simplesmente não existe.

Sei que esta afirmação causará desconforto na maioria, mas não há (nem nunca houve) Deus algum olhando por nós. Muitos devem estar se perguntando, mas um escritor espiritualista dizendo que Deus não existe? Seria ele um Ateu? Não, não me considero um Ateu, porque acredito na existência de muitas outras coisas, porém dentro de meu estudo e vivência, pude constatar com certeza de que Deus não existe.

Quero dizer, há muitos seres vivendo em “outra” condição de existência, em um universo tão vasto seria uma sandice crer do contrário. Há inclusive seres em níveis evolutivos tão acima do nosso, habitando “condições de existência” tão diferentes, que poderiam ser chamados de Deuses, Semi-Deuses, ou Anjos (e isto realmente aconteceu, em muitos momentos na história da humanidade, continua acontecendo).

Mas, entre todos eles, não há nenhum ser onipresente, onisciente e muito menos onipotente, pois isto seria um “privilégio” e qualquer um que observar o mundo como ele realmente é, perceberá facilmente que a natureza não permite exclusividade, não há “favoritos” no universo,  não há “escolhidos”, as mesmas leis naturais se aplicam a todos (e é neste princípio que está embasada a lei de karma, não como um processo “mágico” regido por “alguém”, mas como uma lei natural e autômata, incriada e inevitável).

O universo não foi criado e muito menos surgiu no Big Bang, ele sempre existiu e esta possibilidade já é considerada pela ciência acadêmica. O Big Bang não foi uma explosão, mas uma “expansão” (quem tiver dúvidas, é só pesquisar), o universo é como uma mola, que se expande e se contrai, um fluxo e refluxo que se alterna, para nós em períodos de manifestação material e outros e imanifestação, ou inatividade, pelo menos “neste nosso nível” de existência. Está questão é abordada pela literatura Teosófica, assim como foi por outras culturas mais antigas, como nos Vedas, por exemplo.

Sei que muitos irão citar inúmeros fatos aos quais creem serem “obras de Deus”, coisas boas que aconteceram em suas vidas, ou curas supostamente “milagrosas”, vou abordar estas questões mais adiante, peço paciência para que leiam o texto até o final, antes de “me atacarem” nos comentários. Primeiro temos que pensar que se admitirmos um ser que “tudo controla e decide”, devemos atribuir a ele tanto as coisas boas, quanto as ruins que acontecem, não é verdade?

Mas para essa questão muitos tem uma solução fácil, o Diabo, o que acontece de bom é Deus, o que acontece de ruim, é o Diabo. Isto não seria nitidamente uma visão simplória e porque não dizer também infantil da vida? Além do fato de que se tudo de bom é Deus e tudo de ruim é o Diabo, então poderíamos dizer que seria Deus no mínimo incompetente, pois ao que aparente, o Diabo está vencendo o “jogo”.

Claro que muitos irão dizer que Ele nos deu o livre arbítrio, e portanto somos culpados pelos nossos sofrimentos. Ok, poderia ser, mas então pelo menos deveríamos admitir que este Deus onipotente é no mínimo um pouco sádico e vaidoso, pois não basta ter criado o universo e possuir o poder absoluto, ele também necessita ser adorado e idolatrado (castigando severamente quem não o fizer). Seria essa alguma carência de sua “infância” celeste?

Eu sei que muitos já sentiram a presença “Dele” diretamente em suas vidas, como uma “ação” miraculosa, e é esta é a grande chave da questão, que torna essa “ilusão coletiva” tão eficaz e convincente, que faz com que tantos se matem por isto, enquanto outros lucrem pela credulidade dos ingênuos, mais do que qualquer engenheiro, professor ou cientista poderia lucrar com seu trabalho. O fato de que há algo em nós que facilmente é confundido com um Deus externo, trata-se do Deus interno.

“Vós sois Deuses”, quanta veracidade nessas palavras? O mais correto seria afirmar: Vós sois Deus. Não no plural, não como Deuses menores, mas como Deus absoluto. Acontece que há vários níveis de nossa consciência (quem já estudou os 7 corpos poderá entender melhor), e no nível máximo, em Atman (ou Espírito Pleno) já somos UNO com TUDO que existe.

Há uma conexão comum para toda a existência, esse é um princípio natural, pode ser observado em muitos níveis, como por exemplo nas criaturas que vivem em coletivo (como o próprio ser humano), a vida é compartilhada, não é isolada como nossa mente erroneamente interpreta. Para continuarmos vivos nós “comungamos” com outras formas de vida, todos dependem uns dos outros, todos estão conectados, falo tanto da nossa alimentação, quanto outros tipos de dependência, energética, reprodutora, psíquica, etc.

Portanto, nossa consciência no nível absoluto do Espírito pleno, ou Atman em Sânscrito, por estar conectado com tudo que existe, é onisciente (pois pode acessar tudo, devido a conexão), também é onipresente (devido a mesma conexão, podendo viajar por tudo que existe) e derivado disso, é onipotente.

Sei que pode ser difícil assimilar este conceito, mas aquele Deus que você sentiu em muitos momentos lhe vigiando e amparando, não era um ser “fora” de você, era você mesmo, em um nível superior, sua consciência inferior pode perceber a conexão por um momento e você mesmo intercedeu por ela. Não precisamos de “outro ser”, muito menos de intermediários, pense nisso antes de depositar o dízimo.

Esse princípio também explica os milagres, que também somos nós mesmos que realizamos, isto porque nossa capacidade é muito superior à que acreditamos ser, então em um momento de “crença” em tornar o aparentemente impossível em possível, conseguimos realizar um feito “ainda” não explicado pela “lógica humana”, mas que está plenamente de acordo com a natureza, somente ignoramos este fato.

É nesse sentido que a crença religiosa funciona como um “gatilho” para acessar este nosso “princípio superior”, temos que esquecer tudo que acreditamos “racionalmente” (por ser limitado) e nos lançarmos ao “desconhecido”, almejando o impossível. O mito religioso tem este poder, além de se referir a processos internos do ser humano, simbolicamente é claro, portanto não sendo incorreto, mas não podendo ser nunca interpretado ao pé da letra.

Quanto aos seres em outros níveis de existência, alguns realmente nos vigiam, amparam, auxiliam (uma minoria, quando é possível), outros não estão nem aí para nós, ou mesmo ignoram a nossa existência (assim como ignoramos a deles). Temos que parar de acreditar que somos o centro do universo, que tudo que existe no Cosmos foi “criado” para nos servir, mesmo as “hostes celestiais”.

O universo existe por si mesmo, somos só mais uma espécie existente, que interage com algumas poucas outras espécies e ignora a existência de todas as outras.

O homem criou seus Deuses a sua imagem e semelhança, porém em um nível essencial de existência, somos todos Deus, ou “como já foi dito antes”: Somos todos UM.

As tirinhas são de autoria do genial Carlos Ruas, foram retiradas do site: